O feio é o novo belo! Por que todos estão apostando no grotesco para chamar atenção?



A era da perfeição acabou. Em 2025, o que realmente vai conectar é o imperfeito.

O público não deixou de desejar aquelas casas impecáveis dos filmes e novelas, dos rostos sem poros e dos dias organizados em paletas de cores pastéis, mas já entendeu que aquilo não se sustenta na realidade.

A nova tendência é abraçar o caos, a humanidade, o erro e o grotesco – o que, surpreendentemente, resgata conceitos estéticos de Ariano Suassuna, Umberto Eco e outros grandes pensadores.

O charme do imperfeito


Um exemplo recente é a campanha da IKEA: “A vida não é um catálogo da IKEA”. Eles mostraram o lado “real” da vida – um cachorro que faz xixi no tapete, um sofá sendo vomitado por alguém doente, pais chegando em casa e encontrando o rastro de uma festa adolescente.


Nada glamouroso, mas exatamente por isso, incrivelmente humano e real. Essa campanha aproxima porque reflete o cotidiano como ele é: bagunçado e autêntico.

O problema das marcas que ainda vendem perfeição


  • Não conhecer o público: Marcas que ignoram as dores e as angústias reais de seu público limitam-se a oferecer uma estética que não faz sentir. A vida de quem consome produtos ou serviços não é um feed do Instagram, e ignorar isso é perder relevância.

  • Copiar estratégias ultrapassadas: O mundo mudou, mas muitas marcas ainda querem vender “vida perfeita”. O público, especialmente a Geração Z no TikTok, quer autenticidade, não mais do mesmo. POVs mostrando o caos cotidiano viralizam porque todos se reconhecem ali.

  • Falta de conexão emocional: Promessas de fórmulas mágicas não funcionam. As pessoas estão mais interessadas em histórias reais, que explorem as falhas, angústias e até as neuroses humanas. Quem abraça essa verdade constrói um vínculo mais forte com o público.

  • Ignorar feedbacks reais: As marcas muitas vezes coletam dados “bonitinhos”, mas ignoram o que realmente importa: as críticas sinceras, os memes, as piadas sobre seus produtos. Isso é ouro para entender o que o público realmente pensa.

Por que o grotesco funciona?


A publicidade que abraça o grotesco resgata ideias de que o feio é parte do repertório do belo. A publicidade explora o grotesco para interromper a monotonia do idealizado, criando mensagens que ficam na memória.

As pessoas são atraídas pela propaganda impecável do McDonald's, mas o que dá água na boca é o jeito “feio” de devorar o sanduíche com todo o molho caindo, sujando toda a boca, o prazer está nisso.



O grotesco é uma lembrança da própria incompletude, da transformação contínua. Ele tem o poder de rebaixar para exaltar.

Na publicidade, o grotesco pode ser usado para quebrar formalidades, dando lugar ao humor ou à crítica social, ao mesmo tempo que convida o espectador a repensar padrões de consumo e beleza.

Se apaixonar por alguém vai além de admirar suas atitudes robóticas, pensadas, planejadas. É enxergar asi próprio nas neuroses do outro, o caos que mostra a humanidade, e por mais que haja críticas verbais, há uma identificação oculta no inconsciente.

Essa ideia aparece em campanhas que mostram o imperfeito como algo belo. Não é apenas uma estratégia para chocar, mas para humanizar, criar identificação e exaltar o valor do real.

As marcas que abraçam o grotesco estão dizendo: “Você não precisa ser perfeito. Nem nós somos.” Esse tipo de mensagem conecta de maneira profunda.

Dessa forma, o belo e o feio são construções culturais, signos que a publicidade manipula para seduzir ou repelir. No fundo, ambos servem à mesma função: moldar o desejo e conduzir o público ao consumo.

O segredo para uma comunicação autêntica em 2025


  • Conheça seu público: Não se limite a dados superficiais. Mostre as angústias, as histórias reais e imperfeitas que fazem as pessoas recorrerem ao que você se propõe a resolver.

  • Entenda o mercado: Esteja atento às tendências culturais. O que está em alta não é o perfeito, mas o possível. Construa uma comunidade online para clientes compartilharem como usam o produto em suas vidas reais.

  • Ofereça valor verdadeiro: Construa sua mensagem com base em emoções reais e temas relevantes. Se posicione como facilitador para lidar com os desafios diários, sem prometer perfeição. Exemplo: "Te ajudamos a organizar o caos, não a eliminá-lo.”

  • Seja flexível: Escute críticas, analise reações espontâneas e adapte-se sem medo de mostrar vulnerabilidade. Compartilhe rascunhos, protótipos ou ideias em desenvolvimento, pedindo feedback do público.

Importante: Não apague ou ignore críticas negativas. Use-as como oportunidades para explicar, corrigir, melhorar ou reter seu público. Use formatos como vídeos curtos (Reels, TikTok) para apostar nessa espontaneidade como recurso de autenticidade.

Você se enxerga nas marcas de hoje? Sua opinião pode ser o ponto de partida para a próxima grande tendência!